quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Rentrées radicais...


Passado duas semanas e meia, após o meu último post, e ainda comemorando a centena de posts, regresso ao activo.

Em breve, colocarei semanalmente, ao Sábado, um post elegendo a “Figura da Semana”.

Mas para já e fazendo a minha “Rentrée”, nada melhor do que falar das rentrées dalguns partidos políticos.

Os primeiros partidos a regressar pós férias, foram os partidos mais radicais, à direita e à esquerda, CDS-PP (Centro Democrático Social – Partido Popular, para quem não sabia :p) e BE (Bloco de Esquerda).

Antes de comentar as propostas feitas na rentrée, importa caracterizar a história e os valores que estes partidos defendem.

O CDS-PP é um partido situado à Direita no espectro político português. Foi fundado em Julho de 1974. Mas apenas em 1995 é que a sigla PP foi junta ao nome original, CDS. O CDS já integrou vários governos, mas sempre em coligação com o PS de Mário Soares, com o PSD de Sá Carneiro, com o PSD de Durão Barroso e com o PSD de Santana Lopes.


O CDS tem uma fraca participação autárquica, no entanto lidera dezenas de autarquias em coligação com o PSD. O CDS é um dos partidos que mais sofre com o chamado “Voto útil” perdendo votos para o PSD e até para o PS. A sua base de apoio integra tanto cidadãos da direita conservadora nacionalista como democratas cristãos e neoliberais. É um partido que tem muita expressão em meio rural, sobretudo agricultores e pequenos industriais. O seu eleitorado concentra-se maioritariamente a Norte e Centro, sendo escasso a Sul do Tejo.

É visto pelas pessoas de extrema-esquerda como um partido retrógrado e ultra-conservador, mas como brando e pouco defensor dos interesses nacionais pela extrema-direita portuguesa.

Apresenta como valores políticos: lutar pela democracia-cristã, ser Partido de alternativa, Representar o humanismo cristão em Portugal, ser um partido de direita, defende uma direita de liberdades, defende o estado útil (ou seja, é contra as nacionalizações), defende a regionalização, luta pela mobilidade social, é a favor dos referendos, é um partido europeísta, defende a soberania nacional, é pelo atlantismo etc. Em termos de valores éticos: é defensor da vida (ou seja contra o aborto e contra a eutanásia), afirma-se como ecológico, é contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, defende a transparência, e é contra a corrupção.

O Bloco de Esquerda localiza-se na Esquerda do Espectro Político Português, sendo muitas vezes conotado como Extrema-Esquerda ou Esquerda Radical.

Nasceu em 1999 em resultado da fusão de 3 forças Políticas: UDP (União Democrática Popular), PSR (Partido Socialista Revolucionário) e Política XXI. Afirma-se como crítico ao Comunismo ou Socialismo Real. É um partido liberal nos costumes, defendo por exemplo: o aborto, a legalização das drogas leves, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a eutanásia etc. Quanto à economia, é anti-capitalista, defende as nacionalizações e os direitos dos operários. (há pouca coisa mais a dizer, pois a sua história é relativamente curta)


Quanto à Rentrée, o líder do CDS-PP, Paulo Portas regressou ao radicalismo e recuperou a velha máxima de “anti-bandidos”. Chegando mesmo a propor um referendo sobre o tempo de permanência dos delinquentes dentro de grades. Uma proposta que na minha opinião é muito vaga, demagoga e principalmente populista. Pois todos os cidadãos se preocupam com questões de segurança, mas daí até propor um referendo que agrave as penas… O problema da segurança está apenas na falta de meios e agentes, e principalmente reside na lentidão dos processos judiciais. Uma das prioridades deveria ser reformar o sistema da Justiça. Mas essa não seria uma proposta populista e eleitoralista, daquelas que o Dr. Paulo Portas neste momento precisa.

Já Francisco Louçã, Líder do BE, recuperou a “luta de classes” e afirmou-se como o único partido defensor da saída de Portugal da NATO. As presidenciais também marcaram o discurso, e num acto de puro desespero Louçã quis encostar o Presidente Cavaco Silva à Direita Unida e ao Bloco Central. Estratégia errada, pois como é sabido é ao Centro que se ganham eleições.

Paulo Portas propôs ainda uma bolsa de manuais escolares e uma lei de bases de cuidados paliativos. Propostas razoavelmente bem concebidas.

Ambos os líderes atacaram o governo Socialista e a oposição Social-Democrata, para variar.

Será que é nestes que reside a alternativa? Ou cada vez mais o sistema político ficará Bipolarizado?

Uma coisa é evidente, por alguma razão estes ainda não venceram eleições.

Duke

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